Uma irmã traduz a fragilidade do soltar. A coragem que
permite cair em seus braços sem disfarce algum, tal como somos: com medos,
dúvidas, dores, falhas, fugas. Uma irmã é a oportunidade de expressar as
alegrias mais simples e abrir plenamente o coração, deixando que ele se
manifeste através das palavras e gestos. Ela é a delicadeza de permanecer junto
no silêncio, quando faltam palavras, quando somem argumentos, quando não há
justificativas suficientes. (na verdade, uma irmã nos isenta de justificativas
porque lhe basta o nosso Ser, mesmo quando não estamos).
Uma irmã é a presença que nos toca de longe, quando o trajeto
dos corpos físicos não leva ao mesmo ponto de chegada. O toque de uma irmã vem
no vento, vem no sentimento de se saber acompanhada, mesmo só.
Tirasse um “r” e a irmã seria ímã. Energia que atrai a nossa
e espelha partes que só enxergamos com a ajuda do seu precioso reflexo. Nem
sempre partes que consideraremos bonitas, mas uma irmã faz sentir que está,
mesmo, tudo bem, que todas as partes nossas são dela também. Cada uma a seu
modo e em seu mundo.
A irmã que eu gostaria de Ser, acolhe o “não” tanto quanto o
“sim”. Seu acolhimento não se condiciona àquilo que recebe, mas àquilo que se é
capaz de ofertar.
Quando irmanadas somos a rede de segurança inviolável que
acalenta os corações mais machucados e ajuda a sentir que tudo terá algum tipo
de solução, ainda que agora não a enxerguemos. A irmã não nos alforria de
nossos desafios, mas cuida para que a sensação que nos causam seja menos
solitária e incompreensível. E desta partilha empática extraímos as nossas
forçar mais genuínas.
Para uma irmã, podemos perguntar o que desconhecemos e
admitir o que ignoramos. Com ela, não há do que se defender pois é a irmã que
nos defende! De nós mesmas. E nos lembra quem somos em essência quando os véus
da ilusão nos mascaram o rosto.
A irmã que eu gostaria de Ser dá tempo ao tempo, e ação aos
sentimentos. É generosidade em movimento e se sabe humana e aprendiz. Ela
resgata em mim a habilidade de amar meus próprios vales e abraçar todos os
monstros internos criados pelo medo de pertencer. Os mesmos monstros mentirosos
que me fazem sentir excluída e relutante em me pedir sua ajuda . Ela me diz com
sua maneira de ser que meu maior poder nasce ao compartilhar entre irmãs aquilo
que, assustada, escondo até mesmo de mim.
A irmã que eu gostaria de ser resgata corações e os traz de
volta à superfície com oxigênio novo, confiantes de que podem sim, e sempre,
renascer cíclicas, seja qual for o tipo de morte que tenham enfrentado.
Corações confiantes de que conseguem ser fonte de apoio porque cultivam a força
de apoiar e amar a si mesmos.
Irmãs são o Feminino em excelência, criando pontes entre as
singularidades de cada uma, e estendendo mãos entre os espaços que fecham o
círculo do qual somos feitas.
Bia Helena
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