A Deusa dos pequenos gestos
Em março são
comemorados o Dia da Água - elemento frequentemente vinculado ao feminino - e o
Dia da Mulher. Proponho que reflitamos sobre o sagrado que reside nos pequenos
gestos.
Gestos como o de Rosa
Parks, costureira negra norte-americana que, em 1955, recusou-se a ceder o seu
lugar no ônibus para um branco. Singelo e corajoso gesto de resistência
pacífica que desencadeou o movimento antisegregacionista nos Estados Unidos da
América, liderado por Martin Luther King Jr. Um marco na longa caminhada da
humanidade pelo direito de todos.
Gestos como o de
Irena Sendler, que salvou milhares de
crianças judias durante a ocupação nazista da Polônia, entre 1940 e 1943.
Durante a guerra, embora presa e torturada pela Gestapo, nunca revelou os nomes
das crianças que salvara. E onde estavam esses nomes? Num pote de geléia,
enterrado no quintal de uma vizinha, para que as crianças, cessada a guerra,
pudessem recuperar suas origens familiares.
Gestos como o de
Táhirih, poetisa iraniana que, em 1848, ousou tirar o véu para demonstrar que a
pureza de mulheres e de homens não reside nas suas vestes. Sua ousadia resultou
numa condenação à morte aos trinta e cinco anos. Táhirih é das personagens que
encontramos no longo caminho da emancipação das mulheres e dos direitos
humanos. Caminho eivado pela intolerância religiosa e pela violência que
continuam vitimando, no Irã e em outras partes do mundo, muitas Táhirihs.
Esse modo de
expressão feminino, que se revela em singelos e silenciosos gestos, tem uma
dimensão sagrada de conservação da vida e de transformação da humanidade.
Rose
Marie Inojosa.
Programação da divisão de formação.
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