Recrute moradores novos e alimente os bons inquilinos já instalados


As bactérias que residem dentro da barriga influenciam inclusive o tamanho dela. A microbiota de alguém magro tem um padrão diferente da encontrada no indivíduo acima do peso. "Nos obesos, prevalecem bactérias mais gulosas, com maior capacidade de extrair nutrientes do corpo", conta Regina. Não por menos, cientistas americanos estão avaliando o transplante fecal entre pessoas em forma e gorduchas — algo que dá certo em ratos.

A flora também tem repercussões diretas sobre alguns órgãos. Ao colocar micro-organismos no intestino de camundongos, a fisiologista  Sandrine Claus, da Universidade de Reading, na Inglaterra, observou que essa colonização instiga o fígado a aumentar a oferta de energia ao organismo. "A microbiota ainda estimula enzimas envolvidas no processamento de remédios", revela.

Seus micróbios particulares não vivem de ar e, mais do que alimentá-los, todos deviam convidar novos habitantes para se juntar à comunidade. Quando começamos o dia saboreando um mamão com Granola, por exemplo, as bactérias fazem festa por causa da fibra, que não é digerida pelo corpo, mas devorada pelos pequenos comensais. "Essa substância é considerada um Prebióticos porque favorece o crescimento dos micro-organismos benéficos", diz o gastroenterologista Orlando Ambrogini, da Universidade Federal de São Paulo. O banquete termina em vantagens para a nossa espécie: bem nutridos, os micróbios liberam moléculas que protegem o cólon.

A ciência também endossa o chamado por novos hóspedes, como lactobacilos e bifidobactérias. São eles os probióticos, disponibilizados por iogurtes e leites fermentados. "Para receber essa classificação, a bactéria tem de sobreviver ao estômago. Até 90% dos micro-organismos morrem em contato com o suco gástrico", explica a farmacêutica Yasumi Kimura, da Yakult, empresa que pesquisa probióticos há mais de sete décadas.
Os probióticos, no entanto, precisam ser convocados diariamente. "Eles se mostram eficazes enquanto são ingeridos, porque nem sempre se incorporam permanentemente à flora", explica a nutróloga Jacqueline Alvarez - Leite. O ambiente é competitivo, mas lembre-se: sempre cabe mais um.

Seus filhos agradecem

Repare que os hábitos intestinais dos bebês demoram a entrar nos eixos. Um dos motivos é justamente o processo de formação da flora, que desde cedo merece ser bem cuidada. "As crianças podem começar a tomar probióticos  após o primeiro ano de vida ou o fim da amamentação", diz a farmacêutica Yasumi Kimura. Além dos leites fermentados e iogurtes, o ideal é acostumá-las a uma dieta rica em fibras. Uma microbiota em harmonia se traduz em um número ideal de visitas ao banheiro e em menor risco de infecções — até otites podem ser prevenidas.



DIOGO SPONCHIATO - revista Saude

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