Preserve a flora intestinal


Um universo de micro-organismos vive no interior da  barriga. Reconhecida como um órgão acessório do corpo humano, essa comunidade é considerada fundamental para entender, prevenir e atacar infecções, doenças nervosas, tumores e até o excesso de peso 

Já cansou de frases do tipo "Você é o que você come" ou "Você é o que você pensa"? Então, que tal esta: "Sua saúde é reflexo das bactérias que moram no seu intestino". A sentença foi exagerada de propósito para você começar a cultivar a idéia de que os trilhões de micróbios alojados dentro do seu ventre influenciam, a exemplo da dieta e do estado mental, tanto o bem-estar como o risco de problemas não restritos ao aparelho digestivo — até mesmo no cérebro.

O gastroenterologista Thomas Borody investiga em New South Wales, na Austrália, o elo entre a microbiota, o nome científico da flora, e a doença de Parkinson. Após dar antibióticos a portadores do problema que também tinham constipação de fundo infeccioso, ele notou que, além da prisão de ventre, os tremores foram atenuados. "Há uma hipótese de que um micróbio patogênico no intestino possa estar por trás do mal", diz. No caso, ele migraria pelos nervos até a massa cinzenta. "Pessoas com Parkinson costumam sofrer de constipação, mas a relação da doença com a flora ainda não foi comprovada", ressalva a neurologista Vanderci Borges, da Academia Brasileira de Neurologia. 
Cada um de nós aloja entre 100 e 200 espécies de bactérias intestinais, mas existem até mil tipos que podem habitar o intestino humano
A ciência explica como elas influenciariam diversas doenças e funções do corpo

CÉREBRO
Há indícios de que a composição da microbiota favoreça a doença de Parkinson. Bactérias nocivas conseguiriam viajar pelos nervos até o cérebro e induzir uma degeneração. Pesquisas acenam que o estado da flora também repercute no humor.

SISTEMA CARDIOVASCULAR
Quando a flora está equilibrada e bem alimentada, algumas bactérias liberam propionato, substância que é enviada ao fígado, onde reduz a produção de colesterol. Com menos gordura circulante, cai o risco de placas obstruírem as artérias.

OBESIDADE
Pessoas magras e gordas têm microbiotas diferentes. A suspeita é que o padrão da flora facilite o ganho de peso —
DOENÇAS AUTOIMUNES
Parece haver uma conexão entre a microbiota e distúrbios como artrite reumatóide e diabete tipo 1. Uma hipótese explica a erupção desses males pela baixa exposição de crianças a micróbios, inclusive os que habitariam o intestino.

IMUNIDADE
Uma flora em harmonia evita que bactérias com potencial maligno prevaleçam e barra o ataque de micróbios externos. Além disso, modula o sistema imune, participando da ativação ou desativação

DIOGO SPONCHIATO - revista Saude



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