Imunidade na berlinda

Além da alimentação desregulada, vários fatores podem desequilibrar a microbiota: consumo de bebidas alcoólicas, antibióticos e predisposição genética

A microbiota também exerce função imunológica, ou seja, "afasta a entrada de elementos nocivos ao organismo pela parede intestinal", diz Sender Jankiel Miszputen, secretário- geral da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FGB). Algumas bactérias benéficas influem positivamente sobre as células de defesa. Quando estão em baixa, elas liberam espaço para micro-organismos patogênicos proliferarem e, como conseqüência, causar doenças.
Outro mecanismo afetado pelo domínio das bactérias virulentas é a síntese de alguns nutrientes, como as vitaminas K e do complexo B, que participam da coagulação normal do sangue e da manutenção da pele, dos olhos e cabelos. Como essas substâncias não são produzidas naturalmente pelo corpo, se o intestino estiver em apuros, boa parte do reforço que vem da alimentação é desperdiçada.
É o caso também da serotonina, conhecida como o neurotransmissor do bom humor. "Ela depende de nutrientes provenientes da alimentação para ser produzida", conta a nutricionista clínica especialista em Nutrição Funcional Fernanda Granja, de São Paulo. É bom lembrar que sua ausência pode causar irritabilidade e até alterações do sono.
Quando a culpa é da comida

Se tudo o que ingerimos passa pelo intestino, logo, o equilíbrio da flora intestinal depende do que levamos à boca. A questão é que alguns alimentos contêm proteínas de difícil digestão - mas isso varia para cada pessoa. Por exemplo, a caseína, presente no leite e derivados, que é capaz de causar um verdadeiro reboliço na microbiota. "Por não ser bem digerida, ela agride as células intestinais, reduz as boas bactérias e aumenta as ruins", explica a médica com formação em medicina biológica Maria Emília Gadelha Serra, do Instituto Alpha de Saúde Integral, em São Paulo. O glúten também faz o tipo vilão e é encontrado em trigo, aveia, cevada, entre outros.
A atenção é recíproca no caso dos alimentos refinados, como o açúcar. Eles são um tipo de combustível que dá força à multiplicação dos seres patogênicos, estimulando o crescimento de bactérias maléficas no intestino. O mesmo vale para comidas gordurosas, industrializadas e carne vermelha em excesso.
 


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